domingo, 24 de setembro de 2017

LIVRO - O FILÓSOFO IRÔNICO


I
Ironia, talvez desconheçam muitos, não é sinônimo de sarcasmo. Por isso mesmo, nem de longe deve ela ser confundida com zombaria.
Sarcasmo e/ou zombaria são formas, mesmo que algumas vezes ditas cômicas, de humilhar e/ou ridicularizar alguém ou alguma ideia.
A ideia de ironia vem do grego antigo “ερωνεία” (“eironēia”) e significa, em síntese, “dissimulação'”. É entendida, conceitualmente, todavia, de duas formas distintas: a ironia filosófica; e a ironia literária.
1-   Na forma filosófica, embora existam outros filósofos considerados irônicos (Voltaire, Kierkegaard, etc.), o conceito de ironia está especificamente atrelado ao filósofo Sócrates, introduzido este por Aristóteles, entendido como Método Socrático. Este, por sua vez, refere-se especificamente ao recurso epistemológico utilizado por Sócrates, descrito nos diálogos platônicos, e que, em síntese, significa simular ignorância, isto é: fazer perguntas fingindo aceitar as respostas do interlocutor (oponente), até que este chegue a uma contradição e perceba, dentro do processo dialógico ou mesmo fora dele, os paradoxos, disparates ou absurdos do seu próprio raciocínio. Sócrates, sendo assim:
a-   Criou um método de busca pelo conhecimento, e não propriamente uma figura de linguagem;
b-   Criou um caminho, pode-se dizer didático, sem ridicularizar quem quer que fosse, para poder questionar, contradizer, refutar, problematizar, e, na mesma via, ir de encontro à construção de conceitos;
c-   Criou uma técnica filosófica para poder romper com o estado aporético, ou seja, com o impasse na busca do entendimento, visando sempre trazer à luz (maiêutica) o axioma (teoria da reminiscência).
2-   Na forma literária, por outro lado, a ironia apresenta-se como um modo de expressão ou figura retórica por meio da qual se busca dizer o contrário daquilo que se quer dizer. Isto é, por meio do uso dela, cria-se uma pausa visando buscar a reflexão do leitor ou interlocutor: uma reflexão sobre aquilo que se escreve ou diz e aquilo que realmente se pensa. A ironia, dentro desse contexto, é muitas vezes usada como forma de crítica, censura ou denúncia.
II
Tanto dentro do conceito de ironia filosófica quanto literária, porém, existem três diferentes tipos de expressões ou manifestações irônicas, a saber:
1- A ORAL: é quando alguém quer dizer uma coisa mas diz outra, ou seja, fala o contrário do intencionado.
2- A DRAMÁTICA OU SATÍRICA: Numa cena ou diálogo, a plateia ou outro ouvinte qualquer entende o significado da situação, palavra ou expressão usada – menos o interlocutor ou personagem.
3- A DÍSPARE OU DE DISPARIDADE: o resultado da ação, algumas vezes cômico, outras trágico, é diferente ou contrário ao planejado ou esperado. Muitos, diante desse tipo de ironia, habituaram-se a, por exemplo, chamá-la de “ironia do destino”.
III
O livro, uma antologia de ensaios, aforismos, crônicas, contos e poemas, aborda temáticas diversas: política, justiça, educação, economia, aspectos sociais, machismo, feminismo, amor, felicidades, etc.

Embora traga algo de provocação em viés literário, a ideia (ou o sentido) de ironia nele contido é filosófica, ou seja, está ancorada nos axiomas ou princípios maiêutico-metodológicos de Sócrates.

Sobre a Coleção

Há algum tempo tivemos a ideia de realizarmos uma criteriosa análise em relação a obras que chegavam às nossas mãos pleiteando publicação e, assim, escolhendo as melhores, publicá-las, autor por autor, algumas em edição bilíngue, numa coleção chamada “FILÓSOFOS DO NOSSO TEMPO”. E hoje ela finalmente está aí, trazendo o melhor dos filósofos contemporâneos para vocês.
A cada nova publicação ou edição, temos descoberto excelentes pensadores. Filósofos que possuem não somente excelente formação, mas também a capacidade de, com as suas ideias, nos fazerem pensar de maneira crítica, dando-nos a possibilidade de compreendemos e resolvermos de maneira mais eficiente e eficaz os problemas do nosso tempo.
Se você acredita ser também um “filósofo do nosso tempo”, envie-nos seus textos para análise.
Os editores





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