segunda-feira, 29 de maio de 2017

HEGEL PARA PROFESSORES - O filósofo do saber absoluto


I
 Por que Hegel para professores, o chamado filósofo do saber absoluto? Respondo-vos:
A filosofia de Hegel (1770-1831) a partir do séc.XX experimentou e, ainda hoje – alvorecer do séc. XXI –, tem experimentado um grande renascimento, e tal fato deveu-se e deve-se, em grande parte, a quatro importantes motivos:
1-   Porque Hegel foi redescoberto e reavaliado como progenitor filosófico do marxismo (e não somente por marxistas de orientação filosófica);
2-   Porque a perspectiva histórica (de busca pelo conhecimento) que Hegel colocou em tudo, em sentido geral, além de Karl Marx, influenciou também:
A-  A filosofia de Foucault (1926-1984), com o seu chamado Método Arqueológico;
B-  A filosofia de Nietzsche (1844-1900), com a sua “Genealogia da moral” e com a chamada “teoria das três transformações do espírito” (o camelo, o leão e a criança);
C-  As filosofias de Sartre e Heidegger, com seus diferentes existencialismos, e também as de muitos outros;
3-   Porque, à época, e mais ainda hoje, tem sido crescente o reconhecimento da importância dos seus fundamentos epistemológicos (fenomenológico, sob as bases do seu idealismo dialético) de busca pelo conhecimento.
4-   Porque importantes filósofos (Georg Lukács, Herbert Marcuse, Theodor Adorno, Ernst Bloch, Alexandre Kojève e Gotthard Günther) foram e, outros, ainda hoje, têm sido responsáveis diretos e indiretos pelo renascimento de Hegel, colocando em evidência os fundamentos epistemológicos da sua filosofia ou Fenomenologia do Espírito.  
II
Entretanto, na mesma via, nenhum filósofo foi e/ou tem sido tão mal traduzido ou interpretado quanto Hegel. Sua filosofia foi em muitos casos deturpada de maneira trágica e, até hoje, devido a esse motivo, tem sido incompreendida ou mal compreendida por muitos, na sua maioria professores. Ou seja, muitos que falaram sobre Hegel não sabiam o que falavam ou, sabendo o que falavam, não souberam corretamente dele falar. Certamente isso se deve ao fato de, por ter sido criticado e pejorativamente chamado de idealista por filósofos como Feuerbach, Karl Marx (1818-1883), Friedrich Engels e outros, ter sido também, na mesma via, colocado historicamente na condição de pensador conservador, inatista e/ou pré-determinista como Platão, Descartes e tantos outros, ou seja, colocado na condição:
1-   De preservador das injustiças sociais ou do status quo;
2-   De antirrevolucionário.
III
O que se pode dizer, entretanto, e que se verá ao longo deste trabalho é que o idealismo dialético de Hegel, embora o mesmo conceba a natureza como sendo a manifestação da ideia pura, em muito se difere dos idealismos de pensadores clássicos como Platão e modernos como Descartes, uma vez que, para ele, Hegel, as ideias puras, que dão origem à natureza, não são imutáveis, pois o Ser é concebido por ele como Devir (vir a ser) e, a verdade, dentro desse contexto, é compreendida como algo histórico, ou seja, como aquilo que se manifesta dialeticamente no tempo. Isto é, Hegel, sem sombra de dúvidas, epistemologicamente falando, deu saltos qualitativos em relação a todos os outros filósofos, e não somente aqueles considerados idealistas.
IV
 Mesmo Karl Marx (e Engels), como se sabe, crítico radical de Hegel, ao desenvolver a sua dita filosofia materialista dialética, a sua dita “concepção materialista dialética da história”, se não o plagiou, foi muito pouco original em relação a ele, uma vez que somente inverteu a concepção filosófica do mesmo, ao, por exemplo, defender a ideia de que o processo dialético começa a partir da matéria (natureza) e não da ideia pura, ou seja, desenvolveu praticamente a mesma epistemologia de Hegel e, ao final, apenas sistematizou-a de forma invertida. Isto é, penso que Karl Marx leu tanto Hegel que usou invertidamente o idealismo dialético de Hegel em bases materialistas e econômicas.
V
Não se terá, aqui, todavia, o objetivo de confrontar ou comparar as filosofias de Marx e Hegel, uma vez que, pensa-se que, as ideias do primeiro já se encontram por demais difundidas e conhecidas não somente no meio acadêmico, mas também no universo dos mais diferentes grupos ditos socialistas ou anticapitalistas de todo o mundo.
Pretende-se, aqui, na unidade I, apenas dialogar e/ou estudar, da maneira mais aprofundada e, ao mesmo tempo, didática possível, as ideias desse grande filósofo que foi Hegel, ou seja, buscar melhor compreender a essência da sua filosofia, assim como também as suas importantes contribuições à metafísica, em sentido geral, e à epistemologia, sob as bases da sua fenomenologia do espírito, em sentido específico.
Na unidade II, traremos à tona uma minuciosa e cuidadosa relação dos principais axiomas de Hegel, em consonância com as temáticas desenvolvidas na unidade I, visando-se um aprofundamento do estudo. A partir da unidade III, apresentaremos outros ensaios, discutindo-se problemáticas filosóficas diversas.
Esperamos que, esse livro, de alguma forma, possa contribuir à formação de uma sociedade mais livre, porque mais autônoma, intelectualmente falando e, na mesma via, mais equitativa, democrática, ética e justa, porque também politicamente mais participativa.
O autor


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